sexta-feira, 17 de abril de 2009

"Nós somos um"

Hoje de manhã, na escola em que eu estava sendo fiscal de prova, observei na pulseira cor-de-rosa de uma das estudantes as seguintes palavras: “Nós somos...”. Não conseguindo ver o restante da citação, dirigi-me até ela e perguntei: “Nós somos o que?” Então, ela respondeu: “Nós somos um”.

Fiquei imaginando a complexidade e ao mesmo tempo a beleza daquela frase... De fato, ela reflete a intenção de Deus com relação à Sua igreja: “Nós somos um”. Apesar de haver diferenças, divergências e até mesmo atritos entre irmãos na fé, a verdade é que se estamos de fato em Cristo, somos um com Ele. Em Romanos 12.5 está escrito: “assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.”

Não há como estarmos em Cristo, e não estarmos no Corpo, do qual Ele é a cabeça. Surge desta reflexão, portanto, o que vem sendo alvo das minhas meditações nos últimos tempos: Apesar de todo partidarismo denominacional, politicagem e proselitismo “evangélico” que há no contexto eclesiástico, a igreja, a verdadeira igreja quero dizer, continua sendo Corpo, o Corpo de Cristo.

Se ao olharmos para a igreja que são as pessoas, e não o “prédio”, a “estrutura”, ou o “templo” sob o qual nos reunimos, desanimar-nos em face de um cenário que parece distante do ideal de Deus, lembremos que quem está em Cristo é “um” com Ele. Nada que façam ou deixem de fazer com a igreja, pode mudar esta realidade espiritual intransponível. Impressionante!

Lutemos, então, para que nós que já somos um, continuemos a andar conforme nós já somos de fato. Que de nós flua amor, gestos ternos, amizades sinceras, relacionamentos profundos e suporte incondicional. Como lemos em Efésios 4.3: “esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz”. Pois, independentemente das nossas diferenças e dificuldades, somos família, somos Corpo, “Nós somos um”.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O Cristão & O Mendigo

Na última quarta-feira (15/04) peguei um ônibus com destino à AMESPE, seminário teológico no qual estudo. Sentei ao lado de um homem que logo me dirigiu palavras como se fossemos grandes amigos. Confesso que não o olhei, achando aquilo muito estranho, e para evitar que ele continuasse no seu resmungo. Bom, na verdade, aquele homem estava bêbado e além do mais cheirava terrivelmente mal. Senti o desejo de mudar de assento e sair o mais depressa possível de perto dele.

O episódio me fez pensar de como nós muitas vezes tratamos aqueles que não se parecem conosco, como eu estava pensando em tratar aquele homem, saindo o mais rápido possível de perto dele. Quem gosta de ficar junto de um homem bêbado e fétido? Creio que ninguém responderia sim. Mas, é aí que começa a questão do amor incondicional de crentes por não-crentes, de “achados” por perdidos, de cristãos por mendigos.

Baseei o tema deste texto no livro “O Príncipe e o Mendigo” de Mark Twain. Nesta história clássica, o mendigo passa a ser o príncipe e o príncipe passa a ser o mendigo. Aí, é quando há uma profunda identificação de um com o outro. Um sentindo na “pele” o que o outro sentia. Um se parecendo com o outro. Será muito diferente o papel de nós como cristãos num mundo conturbado? Não foi exatamente isso que Cristo fez quando desceu da Sua glória e adentrou na nossa humanidade, nascendo como judeu e sentindo como nós nos sentimos?

Não vou dizer que a tarefa aqui em questão vai ser fácil. Iremos nos sentir incomodados, e fortemente tentados a fugir dos “mendigos” do nosso mundo. O mau odor que sentiremos vai nos fazer desejar estar sentados nos jardins do nosso conforto, apatia e indiferença, sentindo o cheiro das flores do nosso egocentrismo. Mas é aí que gostaria de perguntar: Um dia não éramos todos mendigos? Não fomos todos alcançados pelo grandioso amor de um Deus Paterno? Não teria Cristo se feito, de certa forma, mendigo em nosso lugar, fazendo-se pobre, sofrendo as dores de homem e morrendo numa cruz? Creio que quanto mais entendemos a profundeza do sacrifício e renúncia de Cristo, mais estaremos dispostos a andar com “mendigos”. Que Deus nos ajude!